sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um tributo e uma crítica.


"...se eu tivesse teu olhar, poderia ver a luz,
e nada mais faria, só prá tí vivia,
mesmo que o mundo pare de girar.
"

Matéria: Morre Ivo do Blindagem

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E o Leminski (Paulo Leminski, poeta e escritor paranaense, prá quem não conhece), precisava de parceria, então, veio buscar o Ivo Rodrigues.

Dificilmente, algum curitibano tenha deixado de ouvir o Blindagem. Todos conheciam, mesmo sem saber. Uns adoravam, outros, não. Diziam que não gostavam ou não conheciam, mas, lá no recanto de suas vidas vazias e solitárias, conheciam sim. A questão de gostar ou não gostar eu não discuto, mas que conheciam, ah! isso conheciam.

O Ivo era gaúcho, veio prá curitiba ainda novo, fez tv, teve banda aqui e ali, até que foi convidado prá integrar o Blindagem. Ritmo? Todos, mas especialmente o Rock. Vi o Ivo fazer de tudo, do folk ao jazz, passando por sertanejo e românticas. Com o Leminski, assinou diversas parcerias. Só o que eu não vi, foi o Ivo se prostituir. Cantou aquilo que gostava e acreditava ser o seu melhor, e não aquilo que é "vendável".

O tributo foi acima, e agora, vem a crítica. Tenho 42 anos e vi o rock atual nascer dentro da ditadura (final dela). Exemplos: Legião Urbana, Engenheiros do Havaii, Capital Inicial, Ira!, Barão Vermelho (na época do Cazuza), e várias outras bandas e cantores. O fato é que a música nacional, especialmente o Rock, passou muito tempo centralizado no eixo Rio-São Paulo. Aos poucos, Brasília, Minas e Rio Grande do Sul foram tomando seu espaço, mas para por aí. Sempre houve um "umbigocentrismo" no mercado fonográfico nacional. Ou você se baseava nessas duas cidades (Rio e São Paulo), ou estava morto pro mercado nacional. Simplesmente não tinha acesso nenhum aos investimentos.

O tempo foi passando, e pouco se mudou nisso tudo. O Blindagem não é novo não, e o Ivo e a "piazada" do Blindagem têm talento, e muito. Mas ficaram por aqui. A voz do Ivo é algo impressionante. Se você duvida, pare prá escutar, mas escute realmente, não apenas uns 5 segundos. Retire aquele maldito bloqueio de achar que só o que a mídia enfia por nossa goela abaixo é bom. Aí então, você verá que eu tenho razão.

Não quero dizer aqui que apenas o que eu gosto é bom. Sou eclético e, antes de criticar, vou conhecer. Então, faça o mesmo. E quanto ao mercado nacional, vai a pergunta: só o que se faz em São Paulo e Rio (em questões de rock) vale a pena ser mostrado para o resto do Brasil e para o mundo? Atenção, gravadoras, o YouTube está aí, mostrando novos talentos para o mundo todo. Se vocês não se interessarem, outros canais podem se interessar. Depois, não venham chorando pelo leite derramado.

Ivo, fica em paz. E vocês, mídia e gravadoras, lembrem que O BRASIL VAI ALÉM DE RIO E SÃO PAULO.

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