quarta-feira, 4 de agosto de 2010

WEB: Assassinando a língua



O que vou discutir adiante carrega um cunho muito pessoal, mas que preciso trazer a público para compartilhamento: minha indignação quanto à montanha de lixo e o descaso que se faz por alguns profissionais dentro do meu ambiente de trabalho, a WEB.

Enquanto se tenta dar um padrão de funcionalidade para a WEB através do W3C (Organização Mundial que visa o a uniformização e certificação de Web Sites), com melhorias para facilitar o usuário, alguns “profissionais” simplesmente esquecem que não estão escrevendo ou desenhando sites para eles, e sim para um número incontável de pessoas. Sou redator Web, e sempre procurei trabalhar com um revisor ao meu lado. Não que eu saiba que vou incorrer em algum erro, mas porque sei que na dinâmica de meu trabalho, alguns erros sempre acabam escapando de meus cuidados. E esse erro fere tanto ao meu cliente, que contratou meus textos, quanto ao futuro usuário daquele texto.

Poderia me referir com ferocidade àqueles que espalham erros esdrúxulos por fóruns, comunidades ou blogs, mas estes não são profissionais. Eles apenas se utilizam de mecanismos finais para publicação, sem ter a mínima noção ou conhecimento dos meios técnicos que os profissionais dispõem nessa hora. E essas técnicas vão desde os estudos na hora da construção de um web site até a sua publicação final, com um tempo enorme de revisão e testes para deixar o site “enxuto” e sem falhas.

Nem vou perder meu tempo com citações quanto à poluição que se vem usando na construção de blogs e sites, como os famigerados “links patrocinados”, que inundam e deixam ridículas a maioria das publicações de hoje na web, ou as animações pesadíssimas ou outras coisas que só fazem por irritar o internauta. Minha indignação maior está no erro gramatical. E não pense você que esses erros dos quais me refiro estão nos pequenos sites ou blogs. Eles tomaram conta dos grandes portais, dos jornais de primeira linha e qualquer outra grande publicação.

É inadmissível que esses veículos de comunicação não tomem o devido cuidado para eliminar esses erros lingüísticos, sejam eles de redação, ortográficos ou qualquer outro. São erros grotescos que mostram muito mais do que o descuido desses profissionais. Eles mostram a FALTA DE RESPEITO que se tem pelo usuário desse produto tão procurado nos dias de hoje, que é a web. Achei esses erros até em sites de empresas que têm como ramo de atividade a consultoria em textos para a internet.

E para piorar ainda mais a situação, achei algumas pérolas que até a pouco tempo só apareciam na língua falada, mas que já aparecem na língua escrita também. E como citei acima, recolhi esses erros de grandes sites. Aliás, sites que dominam a web brasileira. E deixo abaixo uma pequena lista para mostrar porque venho me irritando tanto com os profissionais da área. Dentro dos parênteses está a forma correta da expressão, ou que ao menos imagino ter sido a intenção do autor do erro.

despois (depois), borsa (bolsa), borsite (bursite), custipar (constipar), despositivo (dispositivo), previnido (prevenido, de prevenção), célebro (cérebro), cumigo (comigo), isperando (esperando), bunito (bonito), petrólho ou petrólio (petróleo), abenção (benção), gospir (cuspir), muinto ou muinta (muito ou muita), adevento (advento), adevérbio (advérbio), fejão, fejoada (feijão, feijoada), mulér (mulher, pelo menos assim imagino a intenção), molera (moleira), moletão (bom, neste caso pode ser uma "muleta" grande ou "moletom"), púdico (puDIco... paroxítona, e não proparoxítona), aveia (veia, quando se refere a um vaso sanguíneo), pórva (pólvora), palhativo (paliativo), vou ir (eu vou), adevogado (advogado), profssão (profissão), absolver (quando se quer falar absorver), cademia (academia... juro que vi isso), defeciência (deficiência), pesco (pêssego), creticar, creticando (criticar, criticando), répitil (réptil), consigui (consegui), entrar prá dentro, sair prá fora, subir prá cima, descer prá baixo, abrido (aberto), Ostrália ou Ostrálha (Austrália), vou ir voltar (voltarei. Essa dói na alma), pobrema (problema. Essa é clássica), ademitir (admitir), adimitido (bom, neste caso pode ser "demitido" ou "admitido", dependendo do uso previsto), ólio ou ólho (presumo ser de "óleo". Se for de "olho" eu desisto e vou prá Ostrálha), fália ou faia (falha), familha (família), familhar (familiar).

Nem de perto sou alguém que escreve na forma mais correta, mas como utilizo meus textos de forma profissional, tenho sempre um revisor ao lado. E se você, de uma forma ou outra, se mostra na web escrevendo, tenha um pouco mais de cuidado, principalmente quando o assunto é tratado fora do informal. Vamos tentar tratar um pouco melhor essa nossa já tão castigada língua portuguesa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário